quarta-feira, 27 de junho de 2012

INOVAÇÃO NA GESTÃO DE HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

Há quase meio século o conceito de cuidado com a saúde foi magistralmente organizado pelos pesquisadores Leavell e Clark (*), que estabeleceram os níveis de prevenção de doenças, desde a fase pré-patogênica: prevenção primária (Promoção da saúde), prevenção secundária (Diagnóstico precoce, imunização e agravos clínicos) e prevenção terciária (Controle de doenças crônicas), lembrando que o risco à saúde do indivíduo tem três componentes distintos: a genética, o meio ambiente e o estilo de vida, aí incluída nos dias atuais a educação de trânsito.

Os esforços para melhorar o sistema de saúde no Brasil até há pouco tempo se concentraram no cuidado médico, quer seja em campanhas e programas específicos (saúde da mulher, luta contra a AIDS, saúde na escola, vacinação, etc.), quer seja na edificação de unidades assistenciais onde é consumida a maior parte dos gastos em saúde.

Quando discutimos a implantação de um hospital terciário, de alta complexidade e voltado não só para a assistência à saúde, mas também para o ensino e a pesquisa, é comum esperarmos que a preocupação com o quadro epidemiológico da região seja de outros entes públicos (autoridades municipais e estaduais).

No meu entender, sobretudo quando se trata de um hospital universitário, dado o seu caráter de ensino e pesquisa, precisaríamos traçar algumas ações de interesse direto da comunidade, incluindo o mapeamento clinico-epidemiológico do público alvo. Essas ações transcendem os limites do hospital e se apresentam como extensão universitária de fato.

A proposta seria escolher através de convênio com o governo local, postos de saúde estratégicos que funcionariam como centros de regulação médica e porta de entrada do hospital universitário.

Isso pouparia a instituição do afluxo de pacientes em situações meramente ambulatoriais que poderiam ser resolvidas nos serviços de atenção primária. Com efeito, a capacidade de solução desses problemas chega a ser superior a 90% dos casos, quando os postos estão devidamente qualificados e equipados.

Na gestão desses serviços assistências primários, haveria programas de ensino e pesquisa, assim como, a aferição da demanda classificada por grupos diagnósticos. Em atividade de ensino no campo ambulatorial, lá também estariam os residentes de medicina, de enfermagem e das outras profissões de atenção à saúde, tais como psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos, etc.

Horário de academia. Não precisa dizer que a oferta da atenção primária no período de 6:00h às 22:00h, seria, além de inovadora, definitiva na obtenção de resultados satisfatórios para o hospital e para a população em geral, com enorme ganho político-institucional.

- Ah, mas isso ficaria muito caro! Será? Alguns dizem que não, depois de aferido o resultado final do exercício.

 (*) Hugh Rodman Leavell, Edwin Gurney Clark, da Harvard School of Public Health e da Columbia School of Public Health, respectivamente.